Aula-2
Lei de Gauss
Relação
entre os campos elétrico e magnético
Lei de Biot-Savart
Lei de Faraday
Aplicação
1- Lei de Gauss (uma lei fundamental)
Antes de introduzir a lei de Gauss definiremos o fluxo de um campo vetorial qualquer. Este campo vetorial poderia ser um campo elétrico, magnético ou mesmo o campo das velocidades na teoria dos fluídos.
A intensidade de um campo vetorial pode ser medida em função do número de linhas de força deste campo ou o número de linhas que atravessa uma dada unidade de área. Definiremos o fluxo do campo F com sendo o produto de módulo de F pela área seccional perpendicular a direção do vetor F, como mostra a fig.1.
Podemos generalizar esta definição incluindo a possibilidade de que a linhas de força ou linhas de campo atravessam uma superfície que não seja perpendicular a direção do campo F. O campo F é um campo vetorial qualquer, como por exemplo, o campo elétrico (E) e o campo magnético (B). Matematicamente esta definição pode ser representada por;
(1)
onde q é o ângulo entre o campo
F e a norma a área A. Concretamente, esta direção
normal a área nos fornece a orientação do vetor campo
em relação à superfície.
A ocorrência de produtos do tipo apresentado na eq.(1), envolvendo
o módulo ou magnitude de dois vetores e o cosseno do ângulo
entre estes vetores é bastante conhecido dos físicos e matemáticos.
Ele é denominado correntemente como o produto escalar entre os dois
vetores e é representado pelo símbolo .
Algebricamente ele pode ser escrito em termos das compontes dos dois vetores,
ou do ângulo entre eles, como a seguir;
Usando a definição de produto escalar podemos reescrever a eq.(1) da seguinte forma;
(2)
Se o campo F é o campo elétrico (E), a eq.(2) fornece-nos o fluxo de campo elétrico através de uma superfície aberta A qualquer. Assim,
(3)
Sabemos que, em geral, o campo elétrico não é constante e uniforme em uma dada região do espaço. Neste caso, para se calcular o fluxo total sobre a superfície A usa-se particionar A em áreas infinitesimais. Com isto, espera-se que os campos sejam uniformes nesta região infinitesimal. Tendo calculado o fluxo de E através desta área infinitesimal, podemos calcular o fluxo total somando todos os fluxos infinitesimais. Esta soma contínua é representada pela integral abaixo;
(4)
(5)
A lei de Gauss relaciona o fluxo elétrico através de uma superfície fechada com a carga elétrica no interior da mesma. Assim podemos enunciá-la como:
"O fluxo elétrico total através de qualquer superfície fechada é proporcional à soma das cargas no interior desta superfície".
(6)
C. F. Gauss
Lembre-se que, de acordo com a lei de Gauss, o fluxo elétrico
calculado pela eq.(6) é fluxo somente devido as cargas
internas à superfície fechada em consideração.
Pode-se mostrar, facilmente, que o fluxo de E devido a qualquer carga externa
à superfície S é nulo. Isto significa que o número
de linhas de campos que entra na superfície é igual ao número
de linhas que sai de S.
A figura abaixo mostra algumas
superfícies gaussinas envolvendo diferentes distribuições
de cargas. Qual seria o fluxo de campo elétrico
em cada uma das superfíces (S1, S2, S3,
e S4) ?
Em particular, percebemos que fluxo de campo elétrico através da superfície S4 é nulo devido ao fato de que a carga interna total a esta superfície ser também nula.
Como usar a Lei de Gauss ?
- A equação
é válida sem restrições, mas em geral não
é simples resolve-la
- É muito útil
para determinar o Campo Elétrico, quando o sistema físico
exibi alta simetria.
- Para resolver a equação
acima e determinar E, é necessária uma certa
habilidade para escolher a superfície
fechada de forma a facilitar o cálculo
da integral. As principais regras de escolha
de S são;
- Orientação:
a superfície tem que ser escolhida de forma que o vetor E e
a normal à superfície sejam
paralelos ou perpendiculares a cada ponto
da mesma.
- Magnitude : a superfície
deve ser escolhida de forma que E tenha o mesmo
valor em todos pontos em que E é perpendicular
a superfície.
Mesmo tendo argumentado que devemos sempre escolher uma superfície gaussiana adequada devemos ter claro que a solução do problema independe da forma de S. Isto é justificado pelo fato de que o fluxo de qualquer campo vetorial deve ser independente da superfície fechada S, como mostra a simulação a seguir.
Figura A2.1- Esta simulação mostra que
o fluxo elétrico de uma carga
puntiforme independe da forma da superfície
gaussiana
Como a lei de Gauss é uma das leis fundamentais do eletromagnetismo, pode-se mostrar que um conjunto de outras leis podem ser derivadas dela. Um exemplo disto é a lei de Coulomb.
Figura A-2.2 - Superfície gaussiana envolvendo
a carga Q.
Usando as regras para a escolha da superfície gaussiana, por simetria, somos intuído a escolher uma superfície gaussiana esférica com uma carga Q no seu centro. Neste caso temos:
- O campo elétrico E é normal a superfície em todos os pontos o que implica em
- O campo elétrico E tem os mesmo valor em cada ponto sobre a superfície. Assim,
e campo elétrico na superfície da esfera é igual a;
Na sua forma mais geral, isto é para qualquer ponto r fora da esfera temos;
Desta equação podemos determinar a força exercida sobre uma carga q na presença de do campo elétrico acima;
Esta relação entre q e E é conhecida como lei
de Coulomb, onde r é a distância entre as duas cargas.
2- Relação entre os campos elétrico e magnético
Figura A2.3 Esta mostra a relação entre
campos elétricos e
magnéticos para dois observadores distintos
Como vimos na aula anterior com a lei de Ampère podemos calcular o campo magnético produzido por uma corrente elétrico.
Ampère
usando as relações para a velocidade da luz e constante dielétrica
podemos reescrever a equação para o campo magnético da seguinte forma;
Agora vamos encontrar algumas relações para a corrente;
onde l é densidade linear de carga. Substituindo os resultados anteriores na equação do campo magnético temos, que
O termo entre parêntese, nessa equação é exatamente o campo elétrico gerado por um fio carregado com densidade constante, isto é
Então comparando as duas equações anteriores, verificamos uma equação que correlaciona campos magnéticos com campos elétricos;
a qual assume a forma vetorial
A seguir introduziremos a lei de Biot-Savart. Para istoanalisaremos os efeitos produzidos por uma corrente elétrica , como mostra a figura abaixo.
Figura A2.4 - Campo elétrico produzido por
uma carga infinitesinal
O campo elétrico criado por uma carga infinitesimal é dada por
Usando a equação que conecta os campos magnético e elétrico temos que
ou
cuja forma integral é
esta equação é conhecida como lei de Biot-Savart.
4- Lei de Faraday (uma lei fundamental)
A seguir discutiremos os conceitos básicos relacionados a leid e Micahel Faraday.
Michael Faraday
Figura A2.5 - Esta simulação mostra
a indução de correntes
elétricas devido a fluxo magnético variáveis
no tempo.
A força eletromotriz induzida (fem) em um circuito fechado é determinada pela taxa de variação do fluxo magnético que atravessa o circuito. Esta lei é representada matematicamente pela equação;
onde F B é fluxo magnético dado por;
sendo S a superfície por onde flui o campo magnético. Sabendo que a forca eletromotriz pode ser expressa em função do campo elétrico temos que;
O sinal negativo que aparece na equação acima lembra-nos em qual direção a fem induzida age. O experimento mostra que:
A fem induzida produz uma corrente cujo sentido cria um campo magnético cujo sentido se opõe a variação do fluxo magnético original. Este fenômeno é conhecido como lei de Lenz.
A lei de Lenz é a garantia de que a energia do sistema se conserva. Isto significa que a direção da corrente induzida tem que ser tal que o campo magnético por ela induzido se oponha as mudanças ocorridas no sistema. Caso contrário a lei de conservação de energia seria violada.
Calcular o campo magnético num ponto P sobre um eixo que passa pelo o centro de uma espira percorrida por uma corrente.
Por simetria temos que o campo na direção y deve ser nulo. Assim apenas a componente x não é nula;
Pela a lei de Biot-Savart temos que;
ou em módulo
cuja componente resultante (direção x) é igual a
mas
Podemos fazer também uma análise para alguns pontos extremos
tais como, x = 0 e x >> R.
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