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Aula-15

Revisão Matemática
Intensidade Luminosa
Interferência de Ondas Esféricas em Fendas Duplas
 

 

- 15.1 - Revisão Matemática
 

    Analisaremos a seguir dois métodos diferentes para somar funções trigonométricas do tipo

A1cos(w t+a1)  ,     A2cos(w t+a2),...

a)- Método direto

    O método direto consiste na soma algébrica das funções trigonométricas.

A1cos(w t+a1)  +  A2cos(w t+a2)  + ...   =  Acos(w t+a )

Aplicando a regra que determina as relações para funções trigonométricas envolvendo soma nos argumentos, temos que

Aicos(w t+ai)   =   Aicos(w t)cos(ai)  -  Aisen(w t) sen(ai)
A1cos(w t+a1) + A2cos(w t+a2) + ... = A1cos(w t)cos(a1) - A1sen(w t) sen(a1)
                                                                      + A2cos(w t)cos(a2) – A2sen(w t) sen(a2)+...
= [A1cos(ai) + A2cos(a2)+ ...]cos(w t)   -  [A1sen(ai) + A2sen(a2)+ ...]sen(w t)
= Acos(a )cos(w t) + Asen(a )sen(w t)   =   Acos(w t +a )                              (15.1)





b)- -Representação vetorial

    Nesta seção mostraremos que é possível usar propriedades vetoriais para descrever a soma de funções trigonométricas, como às apresentadas na seção anterior. Para isto faremos uso de um conjunto de vetores, como mostram as figuras 15.1 (a) e (b).


Fig.15.1 – Representação gráfica para determinar o campo resultante.

    Podemos somar os vetores E1, E2, ... como a seguir;
 

                                                                                             (15.2)


   A soma das funções trigonométricas apresentada na equação (15.1) pode ser feita usando a soma de vetores acima. Para isto, basta levar em conta as projeções, nos eixos x e y, de cada vetor Ei. Para exemplificar tomemos um caso simples da soma de duas funções do tipo     E1cos(wt+a1)    e    E2cos(wt+a2). Seja também que

                            E1= E2 = 2,   a1=30º ,   a2= 60º.

Analisaremos a soma das componentes x de dois vetores criados usando estas informações. Isto é,

Queremos obter a seguinte relação

E1cos(w t+a1) + E2cos(w t+a2) = Ecos(w t +a )

 Da relação (15.2) podemos calcular o campo resultante por,

cujo produto escalar de E é dado por,

Assim temos que,

Com isto, podemos calcular o valor do ângulo resultante a , como a seguir.

Destas relações obtemos que

Para o nosso caso particular a tangente acima assume o valor a seguir,

Assim,

- 15.2 - Intensidade Luminosa

    Vimos, nas aulas anteriores, que a luz (onda-eletromagnética) transporta energia e que esta energia pode ser expressa em termos dos campos elétricos e magnéticos. Isto é, Energia µ E2 e  B2. A intensidade luminosa, produzida por uma onda eletromagnética, é proporcional ao valor desta energia. Sabemos também os campos magnéticos contribuem muito pouco para a energia total, quando comparamos com a contribuição campo elétrico. Neste caso, a intensidade luminosa (I) será proporcional ao quadrado do campo E médio, pois E é oscilante. Assim,

Então, seja o campo E = Eocos(w t-kx+j ), onde w = 2p /T e a = 2p /l , sendo T o período e l o comprimento de onda.  O valor médio do campo pode ser calculado da seguinte forma,

A integral acima pode ser resolvida por,

Onde temos usado a relação trigonométrica;

Com isto temos que a integral para o campo quadrático médio será igual a;

Para to pequeno, temos que o segundo termo da integral acima se anula. Então,





- 15.3 - Interferência de Ondas Esféricas em Fendas Duplas

    Quando ondas idênticas (a menos de uma diferença de fase) provenientes de duas fontes superpõem-se em um ponto do espaço, a intensidade resultante das ondas que se combinam naquele ponto pode ser maior ou menor do que a intensidade de cada uma delas. Este efeito é chamado interferência. A interferência pode ser construtiva ou destrutiva, quando a intensidade resultante é maior ou menor respectivamente que as intensidades individuais.

Nesta simulação podemos ver uma onda sendo difratada por duas fendas iguais. Observe os pontos de interferência construtiva (coloridos) e os pontos de interferência destrutiva (escuros). Cada fenda funciona como se fosse uma fonte de primária de ondas. Elas são exatamente iguais, portanto emitem ondas com a mesma freqüência, comprimento de onda e fase.

    Embora qualquer número de ondas possa em princípio interferir, consideramos aqui a interferência de duas ondas somente. Supomos que a fonte de cada uma delas emite em um único comprimento de onda. Supomos também que a relação entre as fases das ondas não varia com o tempo. Tais ondas são denominadas coerentes. Quando ondas coerentes interferem, a intensidade da onda combinada em qualquer ponto do espaço não varia com o tempo. A coerência é uma condição necessária para que ocorra interferência.

        Usando os resultados obtidos para a soma de funções trigonométricas, podemos calcular o campo resultante (E) no ponto P, como a seguir.

Assumiremos que as duas ondas eletromagnéticas foram geradas por fontes idênticas, isto significa que Eo,1 = Eo,2 . Assim,

onde temos usado a relação trigonométrica

Neste caso, Eq será máximo quando o cosseno acima for igual a um. Isto implica que E2máximo= 4 Eo2 .

        Sabem também que a intensidade I é proporcional ao quadrado do campo elétrico, isto implica que a razão dos quadrados das ondas pode ser expressa como a razão dos quadrados das amplitudes de seus campos elétricos. Se Iq é a intensidade da onda resultante em P, e Io é a intensidade que cada onda sozinha produziria. Então,

ou

onde




        A expressão para Iq representa a intensidade luminosa no ponto P em função da diferença do caminho ótico e das fases em cada fonte. Iq é composta pelos dois campos elétricos que atingem aquele ponto.
        Os termos (r1 – r2) e (j1j2) são respectivamente a diferença de caminho percorrido pelas duas ondas e a diferença de fase com que elas foram geradas. Notamos, na Fig.15.2, que a diferença de caminho pode ser definida em função da  distância entre as fendas por, d sen(q ) = (r1 – r2) .


Fig15.2 – Interferômetro de fenda dupla estreita ou de Young.

    Na Fig15.2 um trem de ondas luminosas planas, como o que pode ser obtidos por um laser, incide sobre as duas fendas estreitas. Porções de cada frente de onda incidente passam através das fendas, e assim as fendas podem ser consideradas como duas fontes coerentes de ondas luminosas. O espalhamento da luz ao passar através das fendas, ilustrado na Fig. 15.2, é chamado difração. Assumiremos que estas fendas são estreitas e podem emitir ondas esféricas de Huygens, de acordo com o que temos discutidos em seções anteriores. Note que as duas ondas podem sobrepor-se e interferir quando atingem a tela.  para simplificar a análise, supomos que a distância D entre as fendas e a tela seja muito maior do que a separação d entre as fendas.

    De acordo com a equação obtida para Iq , vemos que será formada uma série de bandas claras e escuras, ou franjas de interferência, correspondentes respectivamente aos máximos e mínimos na intensidade da luz. Veja na Fig.15.3 o espectro de interferência para o caso de duas fendas retangulares.


Fig.15.3 - Mostra diferentes espectros de interferência obtidos variando a distância entre as fendas.

Veja simulação de interferência produzida por duas fendas
Para visualizá-la é necessário estar ligado na Internet

        Para analisar a figura de interferência, consideremos as ondas provenientes de cada fenda que se combinam em um ponto P arbitrário da tela C na Fig.15.2, respectivamente. Alinha F2b é traçada de modo que as linhas PF2 e Pb tenham  comprimentos iguais. Se d, a separação entre as fendas, é muito menor do que a distância D entre as fendas e a tela, F2b é então quase perpendicular a r1 e r2. Isso significa que o ângulo F1F2b é quase igual ao ângulo PaO, ambos sendo assinalados por q na figura. Da mesma forma, as linhas r1 e r2 poderão ser consideradas como aproximadamente paralelas.

    Os dois raios que chegam em P na Fig.15.2, provenientes de F1 e F2, estão em fase nas fendas; ambos são oriundos da mesma frente de onda plana incidente. Os raios chegam em P com diferença de fase porque percorrem caminhos óticos diferentes. O número de comprimentos de onda contido na diferença de caminho F2b determina o tipo de interferência em P, isto é se a interferência é construtiva ou destrutiva.

Para que ocorra interferência construtiva ou franjas claras no ponto P da tela é necessário que;

onde n é um número inteiro, n = 0,1,2,…

Para que ocorra interferência destrutiva ou franjas escuras é necessário que;

Para o caso de fontes luminosas idênticas temos que j1 = j2 , isto é, as fontes estão em fase. Com isto, a interferência luminosa no ponto P do anteparo será função apenas da diferença de caminho ótico ou caminho percorrido pelas duas ondas.

Para interferência construtiva tem-se que,

Para interferência destrutiva tem-se que,

onde n é um número inteiro, n = 0,1,2,…A partir das equações acima podemos localizar a posição no anteparo (tela) onde ocorre os pontos de máximos e mínimos. Isto é,

Da Fig.15.2 tiramos que

No caso em que q é pequeno tg(q ) » sen(q ), daí tiramos que;

onde y é uma posição no anteparo ou tela. Para determinar os pontos de interferência construtiva e destrutiva fazemos,

sendo n = 0, 1, 2,... . A intensidade luminosa pode ser escrita também em função de y,



Fig.15.4 - Gráfico da intensidade em função da posição y na tela (anteparo), para o caso de fendas duplas.
 

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          Last Updated: Dec/12/2000
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