Aula-13
Espelhos Planos, Espelhos Esféricos, Amplificação, Aplicação
Estudamos
em seções anteriores os fenômenos de reflexão
e refração. Quando um feixe de luz toca na superfície
de um dado objeto, parte da luz é refletida. O resto é algumas
vezes absorvida e transformada em energia térmica ou se o objeto
é transparente, como por exemplo vidros ou água, parte do
feixe é transmitido passando pelo material.
No caso de objetos muito brilhantes, como a prata por exemplo, a reflexão
atinge a 98% de intensidade luminosa incidente. Vimos também, que
para o caso de reflexão o ângulo de incidência é
igual ao ângulo de reflexão. Quando a luz é incidente
sobre uma superfície rugosa, mesmo que seja microscopicamente rugosa,
como a página de um livro, ela é refletida em várias
direções. Este fenômeno é conhecido como reflexão
difusa. A lei da reflexão continua valendo, mas para cada porção
microscópica da superfície. Devido a reflexão difusa
em todas as direções, um dado objeto pode ser visto em diferentes
ângulos. Quando movemos para o lado, diferentes raios refletidos
atingirão nossos olhos, a partir de cada ponto do objeto. Veja por
exemplo figura 13.1(a). Contrariamente, no caso de reflexão em superfícies
polidas, os raios refletidos são vistos em um único ponto,
como mostra a figura 13.1(b). Este fenômeno é conhecido como
reflexão especular. Contrariamente ao caso da reflexão difusa,
quando um feixe de luz, composto por raios paralelos muito próximos,
é refletidos em uma superfície polida, só poderão
ser vistos por um observador em um ponto muito particular do espaço,
como mostra a figura 13.1(b).
Quando olhamos diretamente em um espelho, vemos nossa face assim como vários objetos em nosso entorno. A nossa face como os outros objetos parecem-nos como se eles estivessem exatamente em nossa frente. O que vemos no espelho é que denominamos de imagem de um objeto. A figura 13.2 mostra com uma imagem é formada por espelhos planos, usando o modelo de raios. Para cada ponto do objeto, existe ponto correspondente na imagem. Concentremos em dois raios particulares, na figura 13.2, que partem do ponto A no objeto e atingem o espelho nos pontos B e B1, Os ângulos ADB e CDB são ângulos retos; e os ângulos ABD e CBD são iguais pelas leis da reflexão. Entretanto, os triângulos ABD e CBD são congruentes, e os comprimentos AD = o e CD = i são consequentemente iguais. Dessa forma a imagem aparecerá atrás do espelho à mesma distância que o objeto está com relação ao espelho. Isto é, a distância da imagem ao espelho é igual a distância do objeto ao espelho. Geometricamente, podemos mostrar também que a imagem e o objeto têm as mesmas dimensões.
Usando relações trigonométricas encontramos que
Os
raios de luz não passam realmente pelo ponto onde a imagem está
localizada. Isto significa que não seria formada qualquer imagem
em um filme fotográfico colocado no ponto C atrás do espelho.
Por isto dizemos que a imagem formada por espelhos planos são chamadas
de imagem virtual. Veremos nas próximas seções
que espelhos curvos e lentes podem formar imagens reais. Por exemplo as
lentes de um projetor de filmes formam na tela uma imagem real. Neste caso
se colocamos um filme fotográfico no lugar na tela podemos gravar
a imagem produzida pela fonte de luz. No caso das imagens virtuais dizemos
que elas são formadas pelos prolongamentos dos raios reais.
A figura 13.3 mostra a imagem vista por um observador após reflexão
em um espelho plano. Devido ao diâmetro finito da pupila, apenas
raios bem próximos podem penetrar no olho após a reflexão.
Para a posição do olho mostrada na figura 13.3, apenas uma
pequena região do espelho, próxima ao ponto P, contribui
efetivamente, para a formação da imagem no olho do observador.
O resto do espelho pode ser coberto ou removido. Se o olho se mover para
outra posição, uma região diferente do espelho será
efetiva. A localização da imagem virtual, entretanto, permanecerá
inalterada, desde que o objeto permaneça fixo.
Se
o objeto for uma fonte extensa, como a cabeça de uma pessoa, também
será formada uma imagem virtual. Para cada ponto do objeto será
criado um ponto imagem equivalente atrás do espelho. De acordo com
a lei de reflexão para espelhos planos, a distância com relação
ao espelho de cada ponto do objeto será igual a distância
do seu ponto imagem ao espelho.
A imagem refletida em um espelho plano tem o seu lado direito trocado
com o esquerdo, isto é existe uma inversão direita-esquerda.
Superfície
refletoras não necessariamente devem ser planas. Os espelhos curvos
mais comuns são os esféricos, o que significa que a sua superfície
refletora tem a forma esférica. Um espelho esférico é
denominado de convexo se a reflexão ocorre na superfície
externa como mostra a Fig 13.4. Um espelho é denominado de côncavo
se a superfície refletora é a superfície interna da
esfera. Espelhos côncavos são usados geralmente para ampliar
imagens, enquanto os convexos são usados para aumentar o campo de
visão.
Para os espelhos curvos podemos definir os conceitos de lados virtual e
real. O lado real é o lado da esfera que contém a superfície
espelhada e o lado oposto é o lado virtual. Todas imagens formadas
no lado real são do tipo real e as formadas no lado virtual são
do tipo virtual. Lembramos que as imagens virtuais não podem ser
registradas em filmes fotográficos, pois elas não são
formadas por raios reais.
Para ver como os espelhos esféricos formam imagens, considere inicialmente
um objeto muito afastado do espelho. Neste caso os raios provenientes de
cada ponto do objeto chegam no espelho praticamente paralelos. O sol e
as estrelas são exemplos de fontes de luz ou objetos infinitamente
afastados.
Consideremos,
agora, os raios paralelos de um objeto ou fonte de luz infinitamente afastado
sendo refletido por um espelho do tipo côncavo, como mostra a figura
13.4. A lei da reflexão se aplica para cada raio de luz incidente.
Como pode ser observado nem todos os raios refletidos passam pelo mesmo
ponto. No sentido de se ter uma imagem nítida os raios refletidos
devem convergir para um único ponto. Dessa forma os espelhos esféricos
não formarão imagens nítidas como nos espelhos planos.
Contudo, se o espelho é pequeno comparado com o seu raio de curvatura,
os ângulos dos raios refletidos serão também pequenos.
Com isto eles convergirão para um único ponto, o qual é
denominado por ponto focal ou simplesmente
foco
(f) do espelho. Em nosso exemplo os raios são paralelos ao eixo
principal, o qual é definido como a linha reta perpendicular a superfície
esférica. Consequentemente este eixo passará pelo centro
da superfície esférica (c), assim como o ponto focal do espelho.
A distância entre o foco e o espelho é denominada de distância
focal. Uma outra forma de definir a distância focal é dizer
que ela é ponto onde a imagem de raios paralelos será formada.
A seguir vamos encontrar expressões matemáticas que correlacionem
as distâncias, do objeto, da imagem e do foco. Para isto usaremos
a lei para a reflexão de raios luminosos e algumas relações
trigonométricas obtidas da figura 13.5.
Observando a figura 13.5 notamos que o raio proveniente do ponto objeto
(O), que faz um ângulo arbitrário
a
com o eixo principal passa pelo ponto I, após reflexão no
espelho em A. Um raio que sai de O, seguindo o eixo principal, será
refletido de volta sobre si mesmo. Isto é uma conseqüência
da lei de reflexão. Então, para estes raios, pelo menos,
I é a imagem de O e é uma imagem real, porque a energia luminosa
passa efetivamente por I. Procuremos a posição de I.
Usando o teorema para os ângulos externos de um triângulo, temos que a o ângulo externo de um triângulo é igual a soma dos ângulos internos não adjacentes. Dai, tiramos que
.
Eliminando q entre as equações acima, encontramos que
No caso em os ângulos a , b
e g são pequenos podemos encontrar a
seguintes relações trigonométricas,
Das equações 13.1 e 13.2 obtemos
Convenções de sinais na reflexão
o + se
o objeto estiver em frente do espelho (objeto real)
- se o objeto estiver atrás do espelho
(objeto virtual)
i +
se a imagem estiver na frente do espelho (imagem real)
- se a imagem estiver atrás do espelho
(imagem virtual)
r, f + se o centro
de curvatura estiver em frente do espelho (espelho côncavo)
- se o centro de curvatura estiver atrás
do
espelho (espelho convexo)
Podemos dizer também que,
No caso
de espelhos côncavos temos que o > 0
, r > 0 e f
> 0
Imagem será real sempre que
o > f = r/2
Imagem será virtual sempre que o
< f = r/2
Imagem estará no infinito para o
= f = r/2
No caso
de espelhos convexos temos que o > 0
, r < 0 e
f < 0
Imagem será sempre virtual
Da equação (13.3) podemos determinar a relação obtida para o espelho. Para isto, basta fazer o raio r infinito.
Um método útil para localizar imagens é a construção geométrica denominada diagrama de raios. Na figura 13.6 está a construção do diagrama, onde o objeto é uma figura (uma seta) perpendicular ao eixo de um espelho e à distância s do vértice do espelho. Por uma judiciosa escolha dos raios que emanam da cabeça da figura, podemos localizar com rapidez a imagem. São quatro os raios principais ou convenientes de usar:
- O
raio paralelo: que é traçado paralelamente ao
eixo principal. Este raio
se reflete passando pelo foco do espelho.
- O
raio focal: é traçado
passando pelo foco. Este raio se reflete
paralelamente ao eixo.
- O
raio radial: é traçado passando
pelo centro de curvatura. Este raio
atinge perpendicularmente a superfíciedo espelhoe se
reflete na direção de incidência.
- O
raio central: traçado pelo vértice do espelho.
Reflete-se fazendo com
o eixo do espelho um ângulo igual ao de incidência.
Na figura 13.6, aparecem os três primeiros entre estes raios. A interseção de qualquer dois deles localiza o ponto imagem. O terceiro raio pode ser usado para proporcionar a construção gráfica.
Para visualizar a simulação abaixo
é necessário ter o JAVA instalado.
Modo de usar : Mover objeto (seta vermelha) usando
o mouse
Um fenômeno que ocorre na reflexão de luz em espelhos curvos é a ampliação. A figura 13.7 mostra um raio (bv) com origem na ponta do objeto (seta) O, sendo refletido pelo espelho no ponto v e passando pela ponta da imagem (seta) I. A lei da reflexão requer que este raio faça ângulos iguais q com o eixo do espelho, como está indicado na figura. Para os dois triângulos semelhantes da figura (abv) e (dev), podemos escrever
Fig.13-7 Ampliação de imagem
O termo da esquerda ( a menos de um sinal) é a amplificação transversal linear m do espelho. Já que se quer representar uma I magem invertida por um aumento negativo, define-se arbitrariamente m para este caso como sendo igual –(de/ab). Como vc=i e vb=o, tem-se imediatamente
Esta
equação dá a amplificação para espelhos
planos e esféricos em todas circunstâncias. Para um espelho
plano m = +1, pois o=-i, isto significa que o objeto e a imagem tem as
mesmas dimensões. Quando m é um valor negativo diz-se que
a imagem está invertida em relação ao objeto.
1) - Espelho Côncavo
Um objeto foi colocado a 10 cm. do vértice
de um espelho côncavo cujo raio r = 40 cm ou f = 20cm.
- Determine a ampliação
transversal.
- Verifique se a imagem
é real ou virtual.
- Qual deve ser a posição
da imagem no caso em que a ampliação m = 1 ?
No caso de espelhos côncavos temos que
A ampliação é igual a
Isto implica que imagem ficou duas vezes maior e é virtual. No caso em que m = 1 temos que a posição da imagem é igual a
2) Objeto próximo de um espelho côncavo
Um
objeto de 1,0 cm de altura, foi colocado a 10,0 cm do vértice de
um espelho côncavo, cujo raio de curvatura é de 30,0. Determine
a posição da imagem e sua magnificação. Desenho
um diagrama de raios localizando (aproximadamente) a posição
da imagem.
Desde que f = r/2 = 15,0cm, então o objeto
está entre o espelho e o ponto focal.
Isto implica que a imagem é virtual então deve estar localizada no lado virtual do espelho, como mostra a figura 13.8 baixo.
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