1- O Estado Sólido
A
vasta maioria das
substâncias, nas condições ambientes, são
sólidas.
Aquelas que temos contatos freqüentes são os metais, o
vidro,
os plásticos, o chip de silício e as pedras preciosas. Em
capítulos anteriores demos ênfase considerável ao
gases
e as soluções, por duas razões importantes.
Primeiro,
as reações químicas ocorrem com mais facilidade
entre
os gases e as soluções do que nos sólidos, porque
nos gases e nas soluções as moléculas estão
mais livres para se moverem colidirem com as outras. Segundo,
diferentemente
dos sólidos todos os gases têm propriedades similares;
eles
obedecem a lei do gás ideal no mínimo aproximadamente.
Isto
deve-se ao fato de que a distância entre as moléculas, nos
gases, ser muito grande. Isto implica que a força de
interação
entre as moléculas é muito fraca permitindo assim que
elas
se movimentem com alta velocidade.
Contrariamente, no
sólido, as forças que mantêm os átomos
ligados
são relativamente fortes dificultando assim o movimento
atômico.
Uma conseqüência disto é que diferentes tipos de
sólidos
terão diferentes propriedades. As propriedades dos
sólidos
dependem de sua composição, assim como de sua estrutura
espacial.
Os alotrópicos de uma elemento, os quais obviamente têm a
mesma composição, são exemplos típicos que
ilustram a influência da estrutura na determinação
das propriedades. Como por exemplo a diferença de propriedades
entre
o diamante e o grafite. Ambos têm a mesma
composição,
mas são estruturalmente diferentes. Isto mostra o efeito
profundo
que a estrutura tem sobre as propriedades das substâncias.
A maioria dos
sólidos
são cristalinos, isto é, eles têm uma
organização
espacial dos átomos ou íons periódica. Como
conseqüência
eles formam, em geral, cristais com superfícies (faces) planas e
com ângulos bem definido entre as faces. Devemos lembrar que
existem
sólidos que não têm arranjos atômicos
periódicos
e regulares, estes sistemas são conhecidos como sólidos
amorfos.
a)- Sólidos Moleculares e Redes Cristalinas
Os sólidos moleculares consistem de
moléculas
individuais,
nas quais as ligações são covalentes, que
estão
ligadas por forças intermoleculares relativamente fracas.
Algumas
substâncias tais como, I2, S8, P4 e P4O6, são
sólidas
à pressão e temperatura ambiente. Aquelas
substâncias
em que as forças intermoleculares são muito fracas
têm
propriedades dos líquidos. Os sólidos, em geral,
têm
baixa compressibilidade o que se deve as ligações
atômicos
serem relativamente fortes.
Os sólidos do tipo redes cristalinas não são
formados
por moléculas individuais e finitas. Eles são formados
por
uma rede contínua de ligações fortes entre os
átomos
ou íons vizinhos. Estas ligações estendem
infinitamente
pelo cristal.
Podemos, em geral, distinguir três tipos mais
freqüentes
de redes cristalinas sólidas em função das
ligações
entre os átomos ou íons: os sólidos covalentes, os
iônicos e os metálicos. Nas redes cristalinas covalentes
os
átomos estão ligados covalentemente, as quais se estendem
por todo sólido. O diamante e o dióxido de silício
(SiO2) são alguns exemplos destes materiais, veja Fig. 10.
Estrutura - FCC |
|
Fig.10 – Estrutura do diamante. As figuras acima
representam duas
formas de distintas de visualização da estrutura do
diamante.
Os
sólidos
iônicos
são formados por íons carregados com cargas opostas, as
quais
mantêm os átomos fortemente ligados pelas
interações
eletrostáticas, formando assim as ligações
iônicas.
Estas propriedades se estendem por todo a rede cristalina. Um dos
exemplos
mais comuns deste tipo de sólido é o cloreto de
sódio
(NaCl), veja Fig.11.
NaCl
|
estrutura cristalina |
Fig. 11 - Estrutura Molecular para o NaCl. Na em azul
e Cl em branco
Use o "mouse" para movimentar sólido
Nos
sólidos
metálicos, íons positivos são mantidos agrupados
devido
a uma distribuição regular de elétrons
livres.
O arranjo regular dos íons se estende por todo o cristal como no
caso da rede cristalino formada por átomos de cobre, veja
fig.12.
Célula FCC
|
Cobre -
Estrutura cristalina
|
Fig. 12 – Estrutura cristalina para o cobre
Não existe
uma
linha bem definida entre as redes cristalinas iônicas e
covalentes.
Quando a diferença de eletronegatividade entre os átomos
é pequena, as ligações podem ser consideradas como
covalentes. Se a diferença de eletronegatividade é
relativamente
grande, como por exemplo, SiO2, a ligações são
polares.
Se a diferença de eletronegatividade é muito grande, como
no caso do NaCl, as ligações são consideradas
iônicas.
De forma semelhante, em muitos sólidos com propriedades
metálicas
as ligações podem não ser puramente
metálicas,
mas serem intermediárias entre covalentes e metálicas ou
iônicas e metálicas.
Um sólido do
tipo rede cristalina não pode ser mantido na fase gasosa, por
que
as partículas no gás estão muito afastadas uma das
outras. Se um sólido cristalino como o dióxido de
silício
(SiO2) é convertido em gás ele sofrerá uma
mudança
profunda na sua estrutura.
2 - Cristal : Um Arranjo Periódico dos Átomos
Com
a evolução dos estudos na compreensão e
descrição
dos cristais foi necessário desenvolver uma linguagem
simbólica
para construir e descrever as estruturas cristalinas. Um pessoa que
conhece
esta linguagem da cristalografia pode facilmente reconstruir uma
estrutura
cristalina usando esta simbologia. Daremos a seguir alguns detalhes
desta
linguagem particular.
Um cristal ideal é construído por infinitas
repetições
regulares da unidade cristalina. Nos cristal simples como o cobre,
prata
e ouro contém apenas um tipo átomo. Em geral a unidade
mínima
pode ser composta por vários tipos diferentes de átomos e
moléculas. Como vimos anteriormente um cristal pode ser composto
por vários tipos de elementos químicos, como por o
exemplo
o cloreto de sódio (NaCl). Nós descrevemos a estrutura de
qualquer cristal em termos de uma unidade de rede periódica
contendo
um grupo de átomos, iguais ou diferentes. Este grupo de
átomo
é denominado de base a qual é repetida espacialmente para
formar o cristal.
Um cristal ideal é composto de átomos organizados em uma
rede definia por três vetores fundamentais de
translação
a, b, c tal que o arranjo espacial dos átomos represente a
estrutura 3-dimensional. Isto pode ser equacionado por,
onde T é o vetor translação e
n1, n2 e n3
são
constantes inteiras, que descrevem o número de
repetições
da base nas direções dos vetores base.
Existem vários tipos de redes cristalinas em três
dimensões.
Podemos representar algumas delas usando simetria de grupo pontual, que
estabelece quatorze tipos diferentes de redes critalinas, as quais
são
agrupadas em sete sistemas de acordo com a célula
unitária:
triclinica,
cúbica, monoclínica, ortorrômbica, tetragonal,
trigonal
e hexagonal, como mostra a tabela a seguir.
a)- Nos sistemas triclínicos o único tipo de rede tem uma celula unitária primitiva (P), com três eixos de comprimentos desiguais assim como todos os ângulos desiguais.
b)- No sistema monoclínico existem dois tipos de redes, um com a célula unitária primitiva e outro com uma célula convencional não primitiva a qual é do tipo base-centrada (C) com os pontos da rede nos centros das faces normais a cada eixo.
c)- No sistema ortorrômbico existem três quatro tipos de redes: uma rede tem uma célula primitiva (P); uma rede é base-centrada (C); uma é corpo-centrado (I = Innenzentrierte no alemão); e a última é face-centrada.
d)- No sistema tetragonal existem dois tipos de redes; sendo a primitiva um prisma de lados quadrados; a segunda é do tipo corpo centrado.
e)- No sistema cúbico existem três redes; a cúbica simples (P) que é a primitiva; a corpo-centrado (I ou bcc) e face-centrada (F ou fcc).
f)- No sistema trigonal escolhe-se usualmente a romboédrica como a célula unitária. A rede é do tipo primitiva.
g)- No sistema hexagonal a célula unitária convencional escolhida é um prisma com base quadrada em um romboedro com um ângulo de 60o. A rede é primitiva.
Eixos Cristalino (a,b,c)
|
|
Rede |
ângulos e distâncias |
|
||||
Triclínica |
1 |
P |
|
|
||||
Monoclínica |
2 |
P, C |
|
|
||||
Ortorrômbica |
4 |
P, C, |
|
|
||||
Tetragonal |
2 |
P, I |
|
|
||||
Cúbica |
3 |
P, I, F |
|
|
||||
Trigonal |
1 |
R |
|
|
||||
Hexagonal |
1 |
P |
|
|
3- Posição na Célula unitária
A posição dos pontos na célula unitária são especificados em termos das coordenadas atômicas u, v e w sendo que cada coordenada é uma fração do comprimento axial a, b, e c com a origem tomada no vértice da célula unitária. A figura abaixo mostra as coordenadas do ponto central ponto central (1/2, 1/2, 1/2), e os pontos da face-centrada (1/2, 1/2,0), (0,1/2,1/2) e (1/2,0,1/2). As coordenadas de uma rede fcc ou bcc são dadas usualmente em termos de uma célula cúbica convencional.
Fig. Posição em uma célula unitária
Citaremos abaixo alguns exemplos simples de estruturas cristalina de interesse geral:
3.a) - No cloreto de sódio (NaCl) a célula unitária é composta por oito átomos centrados nos pontos:
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
3.b) - Cloreto de césio (CsCl)
O Cloreto de césio é uma rede cúbica simples do tipo bcc (body center cubic) e contém uma molécula por célula unitária. Cada átomo está no centro de um cubo de átomos de espécie diferente, assim o seu número de coordenação é oito (8). A célula unitária é representada por
A tabela abaixo mostra outros cristais com a mesma
estrutura
espacial
que o CsCl. Eles têm a mesma posição atômica
na célula unitária, variando apenas no seu comprimento a.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Tabela- Estrutura bcc
Voltar à página
principal
Voltar ao início desta página
O conteúdo desta página
está em constante atualização.
Correções no texto
e sugestões serão bem-vindas.
Electronic Address : kcmundim@unb.br
Last Updated: Out/22/2000
Copyright 1997: Kleber C. Mundim. All rights
reserved.
Register No
169.766 - Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura
phone: 55 61 3307 2150